sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A Sorte

A vida é um vale. De tudo o que já presenciei e vivi mostra-me, cada vez mais, que a vida é um vale. Os nossos melhores momentos encontram-se no topo do vale. Imaginem que abrimos um livro e que lá se encontram as fotografias onde estamos a rir, ou com a mão na barriga porque já são tantas as gargalhadas. Ou aquela fotografia onde estamos com um sorriso brilhante porque achamos que encontrámos a praia com a água mais transparente. Ou então estamos de boca aberta, porque estamos a devorar o bolo mais delicioso... Estes são os momentos bons, aqueles que nos fazem automaticamente felizes. São os momentos que queremos partilhar com todas as pessoas para que elas possam ver a nossa sorte...

A sorte. A sorte tem que ser conquistada. Temos que a merecer. Muitas vezes quando estamos no topo do vale, naquela felicidade constante, esquecemos-nos que a sorte não dura sempre. Não dura quando a tomamos por garantida. Quando deixamos de lutar para a ter. A sorte pode nos escapar e quando nos apercebemos já é tarde demais. Começamos a descer sem notar. O efeito não é imediato, não é a curto prazo. Então descemos. Descemos o topo do vale. Aí existe outro capítulo...

O capítulo é negro. Não queremos que seja lido de imediato. Lembram-se de todos os momentos bons que falei à bocado? Agora imaginem esses momentos a desaparecer num segundo. Puff! Desapareceram. Quando estamos no fundo só nos lembramos dos erros que fizemos. Em tudo o que possa ter feito a sorte desaparecer e as vezes não é muita coisa.

A verdade é que o efeito não é imediato, e quando nos apercebemos disso já estamos no fundo, onde parece que nada tem solução, que já não há nada a fazer. Tudo está perdido, que estamos perdidos. Parece um buraco negro sem fim. E quando andamos nessa angustia é que nos lembramos dos momentos bons que estávamos a ter, e que de repente deixamos a sorte nos escapar pelas mãos...

A vida é como um vale, feito de subidas e descidas e há sempre um caminho. Quando estamos em baixo, no meio do vale só há uma saída: subir de novo, aprender com os erros, lutar consecutivamente e erguer novamente... Isto aplica-se a tudo na vida. Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades e é nosso dever preservar a sorte que temos para que esta dure.

Desde que fui transplantada que partilho com vocês a minha experiência de vida. Estou sempre a aprender e gosto de vos contar a minha visão sobre cada detalhe, cada história... Nós somos um livro, uma capa que muitas vezes é julgada mas o conteúdo é a essência do que somos, nós somos os nossos erros, somos as conquistas e isto tudo é necessário para que possamos aprender e crescer todos os dias.

Eu não vejo os erros como algo assustador ou condenável. Vejo-os como uma lição, uma forma de aprender e ver o que não quero voltar a repetir. Essencialmente, vejo os erros como uma nova oportunidade de começar de novo. Não temos que sentir vergonha ou arrependimento porque não acertamos à primeira, ou a segunda... Temos que ter orgulho por tentarmos de novo e termos vontade de voltar a tentar.

A sorte é uma dádiva, e a fé não é real se só acreditarmos nela quando as coisas estão bem...

Encontro-me bem e pronta para o que aí vem!



"Os altos e baixos na vida são também muito importantes para continuarmos a ir. Porque a linha reta numa ECG significa que não estamos vivos."

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

18 Anos de Experiência

Olááááááááááááá Maltaaaaa!!! Desde já quero pedir desculpa pela minha ausência no blog, sei que já há muito tempo que não publicava notícias aqui... Já tinha muitas saudades de comunicar com vocês! Tenho estado ocupada, mas aqui estou para vos dar notícias minhas!
Escolhi para este texto o título “18 Anos de Experiência” porque este ano, dia 5 de maio, fiz 18 anos! Eu ainda não acredito que fiz 18 anos, sei que já passaram alguns meses, mas ainda parece difícil de acreditar que já sou maior de idade, mas o melhor ainda é que só consegui completar 18 anos porque sobrevivi!
Sexta-feira passada tive mais uma consulta de rotina, no Hospital de Santa Marta com a Dra. Luísa Semedo, e como é costume eu não podia estar melhor, as análises têm os valores adequados (Foi só necessária uma picada, olééé!), os rins estavam bons, não é transplantados? É que nós transplantados como tomamos muita medicação (aproximadamente 30 comprimidos por dia), temos de beber também muita água, devíamos de beber quase 3 litros por dia mas nós esquecemos-nos e depois podemos criar mais um problema: o mau funcionamento dos rins (e claro que nós não queremos mais uma chatice!). O raio x estava lindo, mais perfeitinho era impossível; a minha prova respiratória sempre a subir, conclusão: ESTOU NO TOP! E que assim continue…
Além disto, tenho outra novidade! Comecei a ter AULAS DE CÓDIGO esta terça-feira!!!!!!! Nem acredito que já estou a preparar-me para conduzir, estou tão entusiasmada, já estava tão ansiosa com isto! É impressionante como tudo está a correr, o que já consegui alcançar…
Futuro é o que eu penso agora, como vai ser o meu Futuro? Quantos mais desafios terei? Os desafios que se aproximam não me assustam nada, sei que vou dar o meu melhor e mais uma vez tentarei sair vitoriosa deles como sempre fiz! O passado guardo-o com muito amor porque fez de mim a pessoa que hoje sou. Penso no futuro um dia de cada vez... Presente, é nesse que tenho de me focar, eu só sei que neste presente eu sou FELIZ!

Obrigada! Obrigada a todos, porque todos os dias eu penso que sem vocês, sem o vosso apoio incondicional, nada disto era possível, nada do que eu consigo fazer hoje era possível, OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA!



quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mais de 100 Transplantes Pulmonares

No dia 4 de Junho de 2014 realizou-se uma conferência sobre os mais de 100 Transplantes de Pulmão no Hospital de Santa Marta!


Cem transplantes de pulmão em Santa Marta. "O que faço com tanto ar?"

Equipa nunca fez tantos transplantes como nos últimos meses e quer instalar este ano uma máquina que permite recuperar pulmões para serem transplantados.

No dia em que Susana pôde sair à rua sem máscara, Ricardo estava a entrar no bloco. São dois rostos dos cem transplantes pulmonares realizados no país desde 2001, no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e conheceram-se ontem por acaso no final da cerimónia que assinalou a meta. A 22 Janeiro de 2013, quando Susana fez um ano de transplante e Ricardo ia a caminho do seu, ela era uma das fontes de esperança da família dele.

Transplantada em 2012 com 13 anos, a mais jovem doente no país tinha um blogue com as suas lutas e vitórias depois de ter sido diagnosticada com fibrose quística aos dois anos. A doença foi-lhe estragando os pulmões ao ponto de só poder ir à escola com garrafas de oxigénio e não conseguir falar. Ricardo, engenheiro de 38 anos e com uma filha de um, tinha tido até há seis meses uma vida saudável. Não fumava e fazia desporto. Cansaço e dificuldade em respirar revelaram uma fibrose pulmonar idiopática, a doença por trás da maioria dos transplantes e que os médicos não conseguem explicar porque ocorre. Mas o caminho seria igual ao de outros doentes, daí a importância dos posts da jovem na página "A Luz da Esperança".

Ricardo só quer voltar a ter uma vida normal e foi em Santa Marta que ficou perto disso. Continua a lutar, mas espera em breve voltar a trabalhar. Hoje, com 16 anos, Susana recorda a sua segunda oportunidade com uma serenidade a que o pai, ao lado, responde com um sorriso: "estava em fase terminal" no hospital, diz a jovem, quando recebeu a notícia de que ia ser transplantada. Queria viver e mesmo internada, nunca chumbou um ano. "Se os pulmões tivessem chegado em Fevereiro, não estava cá."

A expressão de Susana nos primeiros tempos depois do transplante, "não sei o que fazer com tanto ar", foi uma das memórias que marcou a intervenção do médico José Fragata, desde 2007 à frente do serviço. O médico considerou os doentes, muitos na plateia, os "heróis das comemorações" e agradeceu-lhes os ensinamentos de esperança e bravura.

Em dia de homenagem, houve mais agradecimentos. Fragata lembrou Rui Bento, o médico responsável pelo primeiro transplante cardiopulmonar em 1991, que em breve dará nome à ala de transplantes do hospital. Depois, invocou os 13 anos que o país já leva com um programa de transplantação pulmonar, lembrando que em 2008, com apenas dois transplantes, esteve em risco de acabar.

A renovação da equipa, o diálogo permanente e o apoio de colegas espanhóis, em formação e no transplante de doentes portugueses, foram algumas das forças apontadas pelo médico. Mas também a disciplina e resiliência explicam o sucesso, medido por Portugal estar hoje perto de se tornar auto-suficiente. "Muitas vezes fizemos briefings depois de um transplante às 5 da manhã, para que cada erro fosse o último", disse o médico, sublinhando que têm formado especialistas para que a resposta nacional nesta área nunca seja interrompida. À medida que aumentou a experiência, melhorou a sobrevivência dos doentes e reduziram--se os custos. Uma relação invocada por Fragata para defender que mesmo que seja necessário continuar a enviar doentes para Espanha Portugal deve ter apenas um centro nesta área.

De olhos no futuro, e inspirados por colegas espanhóis que vieram às comemorações, a equipa pretende instalar ainda este ano uma máquina que permite recuperar pulmões de dadores que hoje não são usados por terem lesões ou infecções. Mantém o órgão a funcionar artificialmente, à temperatura do corpo humano, até que fique bom para transplante. Custa 20 mil euros por ano mas poderá aumentar a capacidade, o que não se recusa. Apesar de Santa Marta estar com uma actividade recorde, há 26 doentes à espera.

Paulo Macedo elogiou a postura da equipa ao garantir "continuidade", o que disse faltar noutras áreas de excelência. O ministro garantiu que a transplantação vai continuar a ser reforçada, lembrando o recente aumento de incentivos para que os hospitais façam colheitas. Mas reiterou ter sido uma "boa opção" o corte de 50% de todos os suplementos em 2011. Fragata admitiu que essa decisão da tutela prejudicou a actividade mas considerou ter sido por um "bem maior", defendendo que os incentivos eram "excessivos".

Mas porque o dinheiro faz cada vez mais parte da equação do SNS, o médico fez questão de mostrar como o custo de 80 mil euros por cada ano de vida associado ao transplante pulmonar parece o "pior investimento". Mas garante o "direito inegável" a respirar. Susana, na plateia, estava atenta. Quer ser economista e sempre quis perceber todos os assuntos a fundo, mesmo estes.

(Artigo retirado do Jornal i) - http://www.ionline.pt/artigos/portugal/cem-transplantes-pulmao-santa-marta-faco-tanto-ar/pag/-1


É com muito orgulho que faço parte desta equipa de Santa Marta e agradeço todos os dias pela nova oportunidade de renascer, e é juntamente com uma enorme alegria que vejo os Transplantes Pulmonares a aumentarem, pois mais transplantes significa mais vidas, mais oportunidades, mais sobrevivência, mais esperanças no olhar, mais sorrisos, mais gratidão, mais sonhos, mais ar…

Mais uma vez, um GIGANTE OBRIGADA à equipa de Santa Marta pelo trabalho excelente que fazem todos os dias e pelas novas oportunidades de viver, estou eternamente grata!



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

2 Anos de Transplante

Vamos relembrar um pouco…

Nasci com uma doença grave que ainda hoje não tem cura, chama-se “Fibrose Quística”.
Todos os dias fazia vários tratamentos para a doença não evoluir rapidamente, mas sem perceber porquê não conseguimos controlar e aos 12 anos já não conseguia respirar sozinha. Fiquei dependente de oxigénio 24 horas por dia. Tinha que vir para a escola com oxigénio e eram os meus amigos, professores, irmãs e auxiliares que me ajudavam a passar estes momentos difíceis. Até que certa altura eu já não saía do hospital, precisava de uns pulmões novos e saudáveis. Eu sabia que era muito difícil porque era pequena e a cirurgia ia ser muito complicada e podia não sobreviver.

Dia 20 de Janeiro fui chamada para transplante, mas quando estava mesmo a entrar no bloco vieram avisar-me que os cirurgiões estiveram a verificar e afinal os pulmões não estavam bons, pois eu precisava que os meus pulmões estivessem perfeitos. Fiquei triste, porque cada vez estava pior e podia não aguentar o tempo de espera. Rezei muito a Laura Vicuña, ela era jovem, dedicava a sua vida a fazer o bem a quem precisava, eu também era uma criança e estava a sofrer muito e pedia-lhe que aparecessem uns pulmões bons para mim.

Curiosidade sobre Laura Vicuña
O processo de beatificação de Laura Vicunã foi impulsionado pelo milagre que realizou à religiosa pertencente à ordem de Maria Imaculada, Ofélia del Carmen Lobos Arellano. Esta religiosa esteve sofrer de problemas pulmonares, e sua saúde se encontrava bastante delicada. Em agosto de 1955, foi desenganada pelos médicos, que a enviaram a seu convento para “morrer em casa". De imediato, pôs-se a rezar com fé a Laura Vicuña e melhorou de forma notória, recuperando a saúde e parte dos pulmões que se achavam irrecuperáveis. Na pesquisa científica da Congregação pela Causa dos Santos, foi catalogada como "5 por 5, recuperação inexplicável mediante a ciência". Com o milagre já cumprido, em 3 de setembro de 1988 foi beatificada pelo Papa João Paulo II. (Se repararem Laura foi beatificada devido a um milagre relacionado com pulmões. Eu tinha um problema também nos pulmões e fui transplantada no dia de Laura Vicunã... Cá para mim isto são os sinais da vida...).

Dia 22 de Janeiro de 2012 apareceram uns pulmões saudáveis para mim “Dia Laura Vicunha”.
Já faz mais de 2 anos que eu nasci de novo, sinto a maior felicidade, é como se tivesse falecido e agora voltei à vida de uma maneira muito mas muito diferente.
Fui a 1ª criança a ser transplantada aos dois pulmões em Portugal, que é um grande orgulho para mim.

Hoje estou bem e tudo está a correr lindamente. Hoje sei o que é respirar, sei o que é poder correr, sei o que é ter uma vida normal. Graças a este Milagre de Deus! Sim, podem ter a certeza que foi um milagre, porque no estado em que estava, só um milagre me podia salvar…

Aproveito esta oportunidade para agradecer a todas as pessoas que sei que rezaram por mim no momento da cirurgia, tal como eu tinha desejado. A vossa oração chegou realmente ao céu.

Deixo-vos uma mensagem:

Nunca desistam nos momentos difíceis, pois mesmo que pareça que já não há uma única luz ao fim do túnel para sairmos da escuridão, acreditem, tenham fé porque “OS MILAGRES ACONTECEM”




quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Natal De 2013 & Ano Novo 2013/2014

O Natal, para mim, foi sempre uma celebração muito importante! Foi quando nasceu Jesus, o Homem que morreu por nós, deu a sua vida por nós e, cada dia que passa tenho mais a certeza que Deus deu-me uma missão na terra, a missão de ser um mensageiro de Deus, de espalhar a mensagem de que nada é impossível…

Estou grata pela vida que tive pois agora sei que tudo valeu a pena, o sofrimento,tudo! Devido à vida que tive hoje sou um exemplo para muitas pessoas, uma esperança para viver e acreditar que tudo é possível. As coisas só são impossíveis aos nossos olhos, porque quando lutamos por algum objetivo já estamos a mostrar que não é impossível! Por isso agradeço todos os dias a Deus pela vida que tive e pela vida que tenho, pois se não tivesse passado por tudo o que passei, nada disto estava a acontecer agora. Nada disto era realidade…

Mas voltando ao Natal… Nada melhor do que passar o Natal com a Família, mas ainda melhor é passar o Natal com saúde e alegria. O meu Natal foi espetacular, não só por ter sido um Natal diferente de como era antes, foi sentido de outra forma, de uma forma especial. Há imenso tempo que não passava o Natal com a minha família, antes de ser transplantada, passava o Natal no hospital, por isso, este foi  O NATAL!  Ah! E o que é que vem a seguir do Natal? O Ano Novo…   
                                                                             
A altura do Ano Novo é sempre uma altura de grande loucura, a festa que se faz; os foguetes barulhentos; o champanhe; os sorrisos; a alegria; as passas; os desejos… Sim, porque agora posso mudar de desejos já que o milagre aconteceu.

Espero que tenham todos começado o Ano de 2014 com o pé direito. O que desejo a todos é que comecem sempre o Ano da melhor maneira, porque cada ano que passa é mais um ano de vida, e a vida é para ser aproveitada cada dia que passa, aproveitar as coisas mais pequenas da vida que pensamos que são insignificantes, dar mais valor. Todos os dias existem sinais, e o nosso objetivo é descobri-los…

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Verão de 2013

Porque é que estou a fazer um texto sobre o meu verão? Bem, a razão para isso é que o verão de 2013 foi o melhor da minha vida e tenho a certeza que continuará a ser o melhor de todos os verões que poderei  ter…

Sabem há quanto tempo não ia à praia? Há 3 anos, eu sei, é uma loucura, mas sim há 3 anos que não ia à praia, não pisava a areia, não respirava a brisa salgada que vinha do mar, não sentia os salpicos da água na minha cara, não sabem o quanto me custou…

Eu sempre amei a praia, era uma diversão para mim, nadar na água; fazer carreirinhas nas ondas; jogar as raquetas; sujar-me de areia para depois voltar para a água ahahahahhah…
Ultimamente já nem me apetecia ir à praia porque cansava-me imenso. Quando ia para a água, a força que se tem que fazer para conseguir nadar eu já não tinha e, com esse esforço podia ter ataques de tosse no meio do oceano e era muito grave se isso acontece-se.

Tinha ataques de tosse de 5 em 5 minutos na praia e as pessoas ficavam sempre assustadas porque eu tossia muito, vomitava, ficava mesmo aflita, isso acontece porque como eu estava cheia de espeturação tossir era bom porque assim eu deitava para fora mas o problema era a exaustão, ficava tão cansada… Ainda por cima eu sabia que daqui a 5 minutos ia acontecer outra vez.

Devido a isto, já nem queria ir à praia. Sabia que iria estar sempre a tossir e aos 12 anos comecei a usar oxigénio que também era uma razão para não poder ir à praia…
Contudo, este ano mudou tudo… Bem, eu só falo de 2013 porque em 2012 apesar de ter sido transplantada não podia ir à praia pois era tudo muito recente, só no ano seguinte é que a minha médica autorizou. Mas continuando, em 2013 tudo mudou…

Quando comecei a ver o oceano ao longe foi uma grande emoção para mim, quando pisei a areia nem estava a acreditar, e o melhor de tudo foi o meu primeiro mergulho após 3 anos, foi um dia excelente, nem consigo explicar, e o mais impressionante nisto tudo é que fiz tanta coisa sem me cansar…

Por isso, é que tenho que agradecer todos os dias a Deus por me ter dado esta nova vida, porque posso desfrutar tudo de forma diferente, de uma forma sem me cansar, de uma forma extraordinária!




segunda-feira, 1 de julho de 2013

Final Do Ano Letivo 2012/2013


Pois é… Mais um ano letivo terminado! Mas este foi muito especial, foi o meu 9º ano!

Há 5 anos que ando nesta escola (Externato Nossa Senhora do Rosário), e acompanharam desde sempre a minha história de vida, dia após dia, sempre me apoiaram muito nesta luta diária, tenho de agradecer a todos, desde alunos, professores, irmãs, auxiliares… Foram sempre todos muito atenciosos comigo!

Foi difícil deixar a escola, pois foi onde passei a maior parte do tempo, tenho muito boas recordações que irei guardar durante toda a minha vida!

Mas assim terminei o 9º ano com muito esforço mas consegui passar nos exames e assim terminei este ano letivo, mas este além de ser o último da escola, foi o primeiro após o transplante, foi um ano sem internamentos, nem máquinas de oxigénio, sem tosse, foi o ano em que consegui viver como deve ser nesta escola, foi uma experiência inexplicável para mim.

Foi difícil despegar-me e ir embora, mas para o ano iria começar a ter novos desafios… a secundária! Exato a secundária, até parece estranho, nem acredito que vou para o 10º ano.

Como é obvio sempre que puder vou fazer muitas visitas à escolinha, quero sempre ter o contacto com as pessoas que me acompanharam-me no meu percursso e na minha evolução.

E assim agradeço a todas as pessoas que fazem parte da minha vida naquela escola que nunca mas nunca irei esquecer, ficará sempre no meu coração com muito carinho!

OBRIGADA Externato Nossa Senhora do Rosário!


Foto de turma - 9º ano B


Foto de turma - Viagem de Finalistas

domingo, 5 de maio de 2013

15º Aniversário


Este é o segundo aniversário que celebro após o transplante, e claro que são os mais especiais, pois agora estou bem, e os aniversários vão ser sentidos de outra forma…

Só de pensar que o meu 13º Aniversário estava com oxigénio e nem consegui celebrá-lo como deve ser, pois estava tão mal, tão cansada, tossia constantemente, mas apesar disso eu estava feliz porque estava com a minha família e tinha que agradecer a Deus por mais um aniversário, e claro, todos devem saber qual foi o meu desejo… Melhorar! Melhorar era o meu principal objetivo, eu só queria, dentro das minhas condições, estar o melhor possível e aguentar até ao fim…

Mas este aniversário não tem comparação com o meu 13º e o 14º, pois apesar de ter feito 14 anos após o transplante ainda era tudo muito recente, ainda estávamos muito preocupados com tudo e mais alguma coisa. Mas este sim, era O aniversário!

Passei-o com a minha família inteira, há imenso tempo que não estávamos juntos todos em família, foi muito especial, não só por estar a família mas também por causa do meu bem estar, sentia-me muito bem, com uma energia que há muito tempo não tinha, sentia uma alegria desigual, estava mais feliz que nunca por saber que agora é que está tudo a começar, a minha vida está a começar, pois eu nasci de novo e a partir de agora é que vou começar a viver, soube tão bem…

Agora é que posso ver como tudo está a mudar, para muito melhor! É por isso que tenho que agradecer todos os dias por esta oportunidade que muita gente não consegue ter, sinto-me uma pessoa muito privilegiada por este milagre… 

Obrigada a todos que estão a presenciar estes momentos comigo!



segunda-feira, 11 de março de 2013

MAKE-A-WISH – Realizamos desejos com a força de uma vida!

A Make-A-Wish é uma Fundação que realiza desejos de crianças e jovens, entre os 3 e os 18 anos, com doenças graves, progressivas, degenerativas ou malignas, para lhes levar um momento de alegria e esperança.

Já à algum tempo que a Make-A-Wish queria falar comigo sobre o meu desejo… O meu desejo era conhecer o Justin Bieber e ver o concerto dele, pois eu não tive oportunidade de comprar os bilhetes para o  concerto, e porque é que eu gostava de conhecer o Justin? Adoro ouvir as músicas dele, fazem-me sentir bem e com energia. Antes de ser transplantada, já estava a fazer muitos internamentos e por isso eu quando estava no quarto eu ouvia a música dele, porque cada canção dele tem uma mensagem para as pessoas não desistirem dos seus sonhos, ele também teve uma história mas diferente da minha.

Ele veio de uma cidade pequena no Canada com poucas pessoas e ele desde pequeno que tinha um dom, nunca ninguém o ensinou a tocar, ele tocava sozinho instantaneamente e ninguém sabia como ele aprendia sozinho a tocar e a ter ritmo, e a cantar, foi então que a mãe do Justin pós uns vídeos no youtube (era o Justin a cantar e a tocar) e o Justin acabou por ser descoberto pelo Scooter (é hoje o seu maneger) e com a ajuda do Usher eles fizeram um contrato com o Justin, mas para isso o Justin tinha que trabalhar muito e tinha que encher o Madison Square Garden (é o maior pavilhão do mundo), muita gente dizia que ele não ia conseguir, que era impossível ele encher totalmente o Madison Square Garden, até ao dia no grande concerto ele foi aparecendo nas rádios, em programas e mini concertos para mostrar o seu talento, então chegou o dia e ele conseguiu enche-lo por isso ele demonstrou que nada é impossível! Ele agora é um sucesso, e é a pessoa que tem mais fãs (as Beliebers).

Comparando com a minha história é diferente mas tem o mesmo final, eu tenho esta doença desde os 2 meses e meio de idade e a esperança média de vida era curta e no meu caso ainda mais curta era uma vez que comecei a piorar muito rapidamente aos 12 anos, mas então depois entrei para a lista de transplante, eu tive essa oportunidade de viver uma nova vida, então quando já não havia alternativa eu segui em frente e fui transplantada e hoje sou a 1ª criança Transplantada em Portugal, e abro assim caminhos para mais crianças terem esta oportunidade de viver. Agora eu sei o que é respirar como nunca respirei, sem estar constantemente a tossir ou cansada mal dava dois passos, agora eu também consigo dizer que nada é impossível, porque a minha cirurgia foi muito difícil, já não tinha pulmões e além disso iria ser a primeira criança a ser transplantada aos pulmões por isso era um grande desafio, mas hoje sou um exemplo para muitas pessoas e com a minha vida consigo ver as coisas de outra forma, dou valor às coisas mais pequenas e, é devido a essa razão que eu gosto do Justin, na sua história ele também conseguiu o que para muitos era impossível.

E no dia 11 de Março de 2013 o meu desejo tornou-se realidade eu conheci o Justin Bieber antes do concerto, em privado, e vi o seu concerto! Foi um dos melhores dias da minha vida, foi inesquecível. O Justin mostrou ser a pessoa que mostra ao mundo, foi muito simpático e atencioso, ele é boa pessoa e tenta sempre ajudar os outros! 

Quero agradecer muito à empresa “Make a Wish” pela empresa que é, por realizar os desejos às crianças com doenças muito graves e que passam muito tempo no hospital, pois assim as crianças podem esquecer a doença e passar um bom bocado com alegria por o seu desejo ser realizado. Agradeço também às pessoas que ajudaram-me e acompanharam-me, (Rita Félix; Patrícia Santos e Maria João) por me terem realizado este desejo que nunca irei esquecer! MUITO OBRIGADA POR ESTA OPORTUNIDADE…






sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Respirar Ar Puro

Todos os transplantados sabem que o primeiro Ano de transplante é o mais difícil... Digamos, o mais preocupante e todos estão desejosos que passe rápido esse primeiro ano porque, quando acontecer será a altura de começar a tirar a máscara ao ar livre e respirar a Natureza, os cheiros agradáveis, uma nova fauna. Esse momento é muito importante para todos, claro que primeiro é preciso a autorização da Doutora mas após a sua confirmação ficamos logo desejosos de o fazer, todos os transplantados querem isso e eu não sou excepção.

Eu já contava os dias que faltavam para fazer um Ano, é verdade que a máscara, após o transplante, passa a ser a nossa melhor amiga, principalmente no outono e no inverno, na altura das constipações, pois essa máscara protege-nos de arranjar uma constipação, pois se apanhássemos uma, era complicado curar-se, mas eu graças a Deus após o transplante nunca me constipei.
A máscara também serve, no mau tempo, para nos proteger do frio, pois o ar aquece dentro da máscara e até é bom, por no exterior está frio e dentro da máscara está quentinho. É verdade a máscara têm carradas de vantagens mas chega o dia em que já estamos um pouco fartos dela e queremos começar a tirá-la.

Após um Ano podemos então tirar a máscara, mas tens que ser aos poucos, primeiro só se pode tirar ao ar livre, em locais fechados ou com fumo têm que se pôr, mas para nós já é bom tirar ao ar livre.
Quando eu tirei a minha máscara, senti a mesma sensação quando tirei o ventilador nos intensivos, mas claro que não foi assim tão igual, mas senti um brisa gigante a entrar dentro dos meus pulmões, o ar estava fresco mas foi uma sensação incrível. Claro que depois não podemos de deixar de usar a máscara assim de repente, mas nos momentos em que a tiramos são muito bons :)