quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mais de 100 Transplantes Pulmonares

No dia 4 de Junho de 2014 realizou-se uma conferência sobre os mais de 100 Transplantes de Pulmão no Hospital de Santa Marta!


Cem transplantes de pulmão em Santa Marta. "O que faço com tanto ar?"

Equipa nunca fez tantos transplantes como nos últimos meses e quer instalar este ano uma máquina que permite recuperar pulmões para serem transplantados.

No dia em que Susana pôde sair à rua sem máscara, Ricardo estava a entrar no bloco. São dois rostos dos cem transplantes pulmonares realizados no país desde 2001, no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e conheceram-se ontem por acaso no final da cerimónia que assinalou a meta. A 22 Janeiro de 2013, quando Susana fez um ano de transplante e Ricardo ia a caminho do seu, ela era uma das fontes de esperança da família dele.

Transplantada em 2012 com 13 anos, a mais jovem doente no país tinha um blogue com as suas lutas e vitórias depois de ter sido diagnosticada com fibrose quística aos dois anos. A doença foi-lhe estragando os pulmões ao ponto de só poder ir à escola com garrafas de oxigénio e não conseguir falar. Ricardo, engenheiro de 38 anos e com uma filha de um, tinha tido até há seis meses uma vida saudável. Não fumava e fazia desporto. Cansaço e dificuldade em respirar revelaram uma fibrose pulmonar idiopática, a doença por trás da maioria dos transplantes e que os médicos não conseguem explicar porque ocorre. Mas o caminho seria igual ao de outros doentes, daí a importância dos posts da jovem na página "A Luz da Esperança".

Ricardo só quer voltar a ter uma vida normal e foi em Santa Marta que ficou perto disso. Continua a lutar, mas espera em breve voltar a trabalhar. Hoje, com 16 anos, Susana recorda a sua segunda oportunidade com uma serenidade a que o pai, ao lado, responde com um sorriso: "estava em fase terminal" no hospital, diz a jovem, quando recebeu a notícia de que ia ser transplantada. Queria viver e mesmo internada, nunca chumbou um ano. "Se os pulmões tivessem chegado em Fevereiro, não estava cá."

A expressão de Susana nos primeiros tempos depois do transplante, "não sei o que fazer com tanto ar", foi uma das memórias que marcou a intervenção do médico José Fragata, desde 2007 à frente do serviço. O médico considerou os doentes, muitos na plateia, os "heróis das comemorações" e agradeceu-lhes os ensinamentos de esperança e bravura.

Em dia de homenagem, houve mais agradecimentos. Fragata lembrou Rui Bento, o médico responsável pelo primeiro transplante cardiopulmonar em 1991, que em breve dará nome à ala de transplantes do hospital. Depois, invocou os 13 anos que o país já leva com um programa de transplantação pulmonar, lembrando que em 2008, com apenas dois transplantes, esteve em risco de acabar.

A renovação da equipa, o diálogo permanente e o apoio de colegas espanhóis, em formação e no transplante de doentes portugueses, foram algumas das forças apontadas pelo médico. Mas também a disciplina e resiliência explicam o sucesso, medido por Portugal estar hoje perto de se tornar auto-suficiente. "Muitas vezes fizemos briefings depois de um transplante às 5 da manhã, para que cada erro fosse o último", disse o médico, sublinhando que têm formado especialistas para que a resposta nacional nesta área nunca seja interrompida. À medida que aumentou a experiência, melhorou a sobrevivência dos doentes e reduziram--se os custos. Uma relação invocada por Fragata para defender que mesmo que seja necessário continuar a enviar doentes para Espanha Portugal deve ter apenas um centro nesta área.

De olhos no futuro, e inspirados por colegas espanhóis que vieram às comemorações, a equipa pretende instalar ainda este ano uma máquina que permite recuperar pulmões de dadores que hoje não são usados por terem lesões ou infecções. Mantém o órgão a funcionar artificialmente, à temperatura do corpo humano, até que fique bom para transplante. Custa 20 mil euros por ano mas poderá aumentar a capacidade, o que não se recusa. Apesar de Santa Marta estar com uma actividade recorde, há 26 doentes à espera.

Paulo Macedo elogiou a postura da equipa ao garantir "continuidade", o que disse faltar noutras áreas de excelência. O ministro garantiu que a transplantação vai continuar a ser reforçada, lembrando o recente aumento de incentivos para que os hospitais façam colheitas. Mas reiterou ter sido uma "boa opção" o corte de 50% de todos os suplementos em 2011. Fragata admitiu que essa decisão da tutela prejudicou a actividade mas considerou ter sido por um "bem maior", defendendo que os incentivos eram "excessivos".

Mas porque o dinheiro faz cada vez mais parte da equação do SNS, o médico fez questão de mostrar como o custo de 80 mil euros por cada ano de vida associado ao transplante pulmonar parece o "pior investimento". Mas garante o "direito inegável" a respirar. Susana, na plateia, estava atenta. Quer ser economista e sempre quis perceber todos os assuntos a fundo, mesmo estes.

(Artigo retirado do Jornal i) - http://www.ionline.pt/artigos/portugal/cem-transplantes-pulmao-santa-marta-faco-tanto-ar/pag/-1


É com muito orgulho que faço parte desta equipa de Santa Marta e agradeço todos os dias pela nova oportunidade de renascer, e é juntamente com uma enorme alegria que vejo os Transplantes Pulmonares a aumentarem, pois mais transplantes significa mais vidas, mais oportunidades, mais sobrevivência, mais esperanças no olhar, mais sorrisos, mais gratidão, mais sonhos, mais ar…

Mais uma vez, um GIGANTE OBRIGADA à equipa de Santa Marta pelo trabalho excelente que fazem todos os dias e pelas novas oportunidades de viver, estou eternamente grata!